Os 580 dias em que Lula esteve preso pela Lava Jato, em Curitiba, tiveram uma testemunha privilegiada: o agente da Polícia Federal Jorge Chastalo Filho, carcereiro das celas de todos os presos da operação. Discreto, Chastalo até hoje não havia dado uma entrevista sobre o que viu e ouviu naquele período ao lado de Lula: os momentos tensos, os de tristeza, o começo do namoro do presidente com Janja, as raivas guardadas, o plano de sair da cadeia e voltar ao Planalto.
Primeiro, foi necessário adequar um dormitório de policiais, no topo do prédio, às condições de “sala de Estado Maior” para receber um ex-presidente. Depois de convocar 60 policiais de outras localidades para reforçar o contingente de segurança nessa situação, Chastalo chegou a ouvir que havia exagerado. “Várias pessoas me falaram ‘para que 60 policiais aqui, se eles têm as missões dele e o Lula não vai ficar preso nem cinco dias? O STF vai soltar ele em cinco, seis dias’”, lembrou o policial. O petista ficaria quase dois anos preso.
Depois, ao longo do convívio, passou a ouvir de Lula lembranças do passado, agonias da prisão e planos para o futuro.
Segundo o policial, Lula se dizia satisfeito com seus dois primeiros governos, mas reconhecia que poderia ter defendido com mais afinco alguns projetos e previa voltar ao Planalto.
Sobre Jair Bolsonaro, derrotado por Lula na eleição de 2022, o policial ouvia do petista que o então presidente era alguém “despreparado” para conduzir o país.
“O momento mais terrível para ele, e acredito que um dos momentos mais terríveis da vida dele, foi a perda do neto, Arthur,causando um sofrimento absurdo nele.
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